Na verdade, entre tantos, o que atrai é mesmo a aparência. Quanto mais bonito, atraente e... disputado, esse é meu foco. Tomo licença e falo por todas nós mulheres. Está certo que, às vezes, são todos muito iguais e não sei muito bem porque escolhi justo aquele. Justo aquele!
O interior é óbvio que também é valorizado. Mas nisso a gente só pensa depois. À primeira vista, queremos o mais bonito da ocasião.
E com leve sacrifício, conquistamos. Logo, difícil não pensar na tal hora. Apesar da expectativa, ainda antes, queremos descobrir o que nos aguarda. Acreditamos em tudo o que nos dizem. As expectativas sobre o momento aumentam. Só imaginamos os instantes de prazer.
É verdade que, muitas vezes, por fora já descobrimos que são portadores de gramas que, definitivamente, não são necessárias e que, para nossa reputação, vão causar prejuízos... Mas, obcecadas, relevamos. Afinal, a gente bem sabe que na hora ‘h’ o fato não se torna nenhum sacrifício.
Chegamos, enfim, ao local dos fatos. Quanta ansiedade. Não é preciso nenhuma cerimônia, nem nada para acompanhar. Começamos a desembrulhar. Aí, como em tantas outras coisas, percebemos que se trata apenas de uma casca sem graça. Um simples chocolate moldado na forma mais atrativa para a data comercial. Porém, admitimos: na medida de nosso esperado prazer!!!
E como eternas insatisfeitas já pensamos nos próximos a conquistar. Sempre na expectativa de encontrar, debaixo daquela embalagem cheia de promessas, uma casca surpreendentemente trufada, um interior repleto dos mais finos bombons e, quem sabe, até um brinde surpresa...
domingo, 23 de março de 2008
sexta-feira, 14 de março de 2008
Respeitável público... há magia em todo lugar!!
As palavras do jovem garoto iluminado pelas luzes coloridas da fachada me trouxeram um breve sorriso. Sorriso que talvez não tenha o feito entender. Talvez por surpreender. Ou, quem sabe, intimidar.
Com um olhar perguntador, ficou encabulado ao perceber que, certamente, as perguntas teriam continuidade. Abaixou a cabeça... e com os pés, alisou a grama. Então - com uma certa formalidade que nada combinava com aquela calça larga vermelha seguras por um estreito suspensório azul - pediu licença.
Mais um sorriso... e, nessa hora, as perguntas já haviam mesmo fugido. Um momento como poucas vezes presenciei e certamente, na vida, ainda pouco irei. Simples. Suave. Portador de uma poesia sem palavras. Sem pretensão.
No mesmo gramado, as crianças corriam e gritavam contentes. O cheiro da pipoca doce e do algodão, também doce, ajudavam a compôr o primeiro dos espetáculos.
Por alguns minutos permaneci calada. Por alguns minutos permaneci ainda mais atenta. Por alguns minutos, agora, sou capaz de recordar todos aqueles minutos.
Debaixo da lona, o espetáculo começava. O homem da capa e cartola preta foi o primeiro a aparecer. Dentro de um baú, cortou uma de suas assistentes. Logo depois, tochas de fogo eram lançadas para o ar por um outro rapaz, ainda mais novo. Vieram também as moças que deixam o chão com a ajuda de um tecido. Quando acabara de entrar o grupo que, no ar, se exibe de um lado para o outro, vozes de criança me levaram a deixar o grande público.
Elas estavam descalças e ambas sem camisa. Um menino e uma menina. Os joelhos sujos de terra e os descabelados fios de cabelo fascinavam tão quanto a apresentação principal. Nas extremidades da pequena mesa improvisada, jogavam ping-pong no quintal de casa.
Ao redor, traillers enfileirados. Mais de vinte. Na janela de um, uma moça com uma toalha verde nos cabelos segurava uma embalagem de desodorante corporal. Na porta do outro, um senhor com um pão e uma faca nas mãos.
Encostada, e um pouco escondida, continuei a observar aquele modo de vida ainda pouco, por mim, conhecido. Lembrei das palavras do envergonhado jovem logo na minha chegada. Com toda naturalidade, me disse não saber desde quando morava naquele lugar, nem ao certo quando iria deixar a cidade. Se o destino é Guarujá, Praia Grande ou Botucatu... isso é detalhe! Disse que a família dele era extensa e que todos moravam lado a lado e, mesmo quando chegava a hora de se mudar, continuavam a morar lado a lado.
Agora sim, a certeza do imaginado no início da noite. Como diz a música de um grupo musical de palhaços alternativos, ali é ‘tudo uma coisa só’. A casa é onde quiser que seja. A família são todos que, juntos, convivem. A vida é vivida sem contagem de tempo. Risadas também fazem parte e são rotineiras.
Falando nisso, volto à atração principal. Somente alguns passos e lá estava o agora palhaço, antes poeta de um cenário natural. Em ação, ia além. Arrancava contínuas gargalhadas de um incontável público. Um legítimo protagonista para os dois lados do espetáculo... e continuava a encantar. Bastava observar. Mesmo acostumado com tantas risadas, conservava a capacidade de se encabular por qualquer sorriso desconhecido...
Com um olhar perguntador, ficou encabulado ao perceber que, certamente, as perguntas teriam continuidade. Abaixou a cabeça... e com os pés, alisou a grama. Então - com uma certa formalidade que nada combinava com aquela calça larga vermelha seguras por um estreito suspensório azul - pediu licença.
Mais um sorriso... e, nessa hora, as perguntas já haviam mesmo fugido. Um momento como poucas vezes presenciei e certamente, na vida, ainda pouco irei. Simples. Suave. Portador de uma poesia sem palavras. Sem pretensão.
No mesmo gramado, as crianças corriam e gritavam contentes. O cheiro da pipoca doce e do algodão, também doce, ajudavam a compôr o primeiro dos espetáculos.
Por alguns minutos permaneci calada. Por alguns minutos permaneci ainda mais atenta. Por alguns minutos, agora, sou capaz de recordar todos aqueles minutos.
Debaixo da lona, o espetáculo começava. O homem da capa e cartola preta foi o primeiro a aparecer. Dentro de um baú, cortou uma de suas assistentes. Logo depois, tochas de fogo eram lançadas para o ar por um outro rapaz, ainda mais novo. Vieram também as moças que deixam o chão com a ajuda de um tecido. Quando acabara de entrar o grupo que, no ar, se exibe de um lado para o outro, vozes de criança me levaram a deixar o grande público.
Elas estavam descalças e ambas sem camisa. Um menino e uma menina. Os joelhos sujos de terra e os descabelados fios de cabelo fascinavam tão quanto a apresentação principal. Nas extremidades da pequena mesa improvisada, jogavam ping-pong no quintal de casa.
Ao redor, traillers enfileirados. Mais de vinte. Na janela de um, uma moça com uma toalha verde nos cabelos segurava uma embalagem de desodorante corporal. Na porta do outro, um senhor com um pão e uma faca nas mãos.
Encostada, e um pouco escondida, continuei a observar aquele modo de vida ainda pouco, por mim, conhecido. Lembrei das palavras do envergonhado jovem logo na minha chegada. Com toda naturalidade, me disse não saber desde quando morava naquele lugar, nem ao certo quando iria deixar a cidade. Se o destino é Guarujá, Praia Grande ou Botucatu... isso é detalhe! Disse que a família dele era extensa e que todos moravam lado a lado e, mesmo quando chegava a hora de se mudar, continuavam a morar lado a lado.
Agora sim, a certeza do imaginado no início da noite. Como diz a música de um grupo musical de palhaços alternativos, ali é ‘tudo uma coisa só’. A casa é onde quiser que seja. A família são todos que, juntos, convivem. A vida é vivida sem contagem de tempo. Risadas também fazem parte e são rotineiras.
Falando nisso, volto à atração principal. Somente alguns passos e lá estava o agora palhaço, antes poeta de um cenário natural. Em ação, ia além. Arrancava contínuas gargalhadas de um incontável público. Um legítimo protagonista para os dois lados do espetáculo... e continuava a encantar. Bastava observar. Mesmo acostumado com tantas risadas, conservava a capacidade de se encabular por qualquer sorriso desconhecido...
quinta-feira, 6 de março de 2008
Em frações de segundos...
- Ande. Depressa. Você está atrasada.
- Calma, dá tempo. Meus pais já chegaram?
- Ainda não os vi. Me diz, como você consegue se atrasar justo no seu dia?
- Difícil é não atrasar. Nossa, eles vão ficar tão felizes de me ver nessa roupa...
- Vamos, te ajudo a fechar.
- É assim mesmo que veste?
- Claro, como seria?
- Não sei, é a primeira vez que visto isso. Cadê a faixa? Qual a cor?
- Tome. É azul.
{Azul... O mesmo daquele dia. Mas daquela vez em forma de uma blusa de um ombro só. Lembro mais: foi acompanhada daquela mini-saia jeans e da antiga sandália de madeira preta. Risos. E, junto, meu pai: vestida assim, todo mundo vai saber que é ‘bixo’. Mas vestida assim como? Até hoje não sei o que ele quis dizer com isso...
Nossa. Já se foram quatro anos. Como uma data pode ficar tão fresca na memória de uma pessoa? Será que é porque estou com o mesmo frio na barriga e aquela mesma expectativa de fase nova para começar? Será que desta vez também vai dar tudo certo?
E como eu mudei em quatro anos. Ninguém acredita. E quem diria? A amiga do colégio que dividia as primeiras carteiras comigo resolveu mudar de curso... e virou ainda mais minha amiga. Aquela menina atleta da natação que era tão quietinha e inteligente veio a se tornar uma pessoa tão querida e inesquecível. E a outra garota que na primeira semana pedia para entrar no meu grupo... quem diria que seria ela a minha companheira do trabalho dos nossos sonhos junto com aquele menino grandão lá do fundo da sala. E as tantas outras pessoas especiais que vou encontrar lá em cima. Se bem que, desta vez, sei quem vou encontrar ao subir estas escadas... e ninguém mais vai achar que estou vestida de bixo. Nossa, será mesmo que meu pai ainda não...}
- Não acredito que vai ficar parada. Cristiane, pare de chorar. Já está toda borrada. Deixa eu arrumar.
- ...
- Pronto. Está linda. Corra. Estou com sua máquina.
- Calma, dá tempo. Meus pais já chegaram?
- Ainda não os vi. Me diz, como você consegue se atrasar justo no seu dia?
- Difícil é não atrasar. Nossa, eles vão ficar tão felizes de me ver nessa roupa...
- Vamos, te ajudo a fechar.
- É assim mesmo que veste?
- Claro, como seria?
- Não sei, é a primeira vez que visto isso. Cadê a faixa? Qual a cor?
- Tome. É azul.
{Azul... O mesmo daquele dia. Mas daquela vez em forma de uma blusa de um ombro só. Lembro mais: foi acompanhada daquela mini-saia jeans e da antiga sandália de madeira preta. Risos. E, junto, meu pai: vestida assim, todo mundo vai saber que é ‘bixo’. Mas vestida assim como? Até hoje não sei o que ele quis dizer com isso...
Nossa. Já se foram quatro anos. Como uma data pode ficar tão fresca na memória de uma pessoa? Será que é porque estou com o mesmo frio na barriga e aquela mesma expectativa de fase nova para começar? Será que desta vez também vai dar tudo certo?
E como eu mudei em quatro anos. Ninguém acredita. E quem diria? A amiga do colégio que dividia as primeiras carteiras comigo resolveu mudar de curso... e virou ainda mais minha amiga. Aquela menina atleta da natação que era tão quietinha e inteligente veio a se tornar uma pessoa tão querida e inesquecível. E a outra garota que na primeira semana pedia para entrar no meu grupo... quem diria que seria ela a minha companheira do trabalho dos nossos sonhos junto com aquele menino grandão lá do fundo da sala. E as tantas outras pessoas especiais que vou encontrar lá em cima. Se bem que, desta vez, sei quem vou encontrar ao subir estas escadas... e ninguém mais vai achar que estou vestida de bixo. Nossa, será mesmo que meu pai ainda não...}
- Não acredito que vai ficar parada. Cristiane, pare de chorar. Já está toda borrada. Deixa eu arrumar.
- ...
- Pronto. Está linda. Corra. Estou com sua máquina.
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